Amantes sobre rodas: julho 2011

Fiz em 2011 31 anos e, desde que me lembro de ser gente, que vivo fascinado pela concentração de Faro. Em 30 anos, já deveria ter tido tempo mais que suficiente para lá dar um saltinho mas não, este foi o primeiro ano em que participei nesta festa Motard, tudo culpa de mexericos sobre a higiene e falta de condições básicas que tanta gente comentou comigo durante todo este tempo e que me afastou do Algarve. Mas este ano achei que deveria dar o benefício da dúvida e "gave it a shot". Quinta de manhãzinha, mota carregada e lá vão eles nacional fora. Sempre em ritmo de passeio, que acelerava ou abrandava consoante passavam por mim ou eram ultrapassados pela Margarida.

Como o fantasma dos radares andava sempre presente e a carteira não anda muito gorda, não valia a pena arriscar para ganhar uns meros minutos. Paragem típica no Canal Caveira, na Via do Infante para mais um reabastecimento, mais uma perseguição a um grupo de Espanhóis para encontrar o local da concentração e... lá estava, uma enchente de pessoal mal disposto a comprar bilhete para conseguir entrar. Sinceramente já esperava por isso, portanto o choque não foi nada de especial. Passada esta barreira era altura de montar tenda. Como não me dei ao trabalho de consultar o mapa do recinto, decidi acampar logo junto à entrada ao lado do parque das motas. Má escolha, como viria a descobrir logo a seguir ao concerto dos Iron Maiden, uma vez que as motas não param nem a música.
Tenda montada, hora de visitar o recinto. Estava tudo muito limpinho, circulava-se bem, havia gente simpática atrás dos balcões, mas de repente tudo mudou por volta das 18h. Começou! Uma autêntica romaria de fãs para ver, na minha opinião, uma porcaria de concerto. Os Iron Maiden

que imaginava eram mais energéticos, cativantes e explosivos. Não vi nada disso, tanto que me fartei e fui para a zona de morfes... morfar! Apesar de tudo o ambiente era muito bom e, apesar do concerto não ter sido nada de especial, já vi bem pior e deu para encher o olho. Passado umas horinhas na coboiada com uns "cámones", era hora da caminha e de dormir... exacto! Dormiste tu! Motas, motas, motas e mais motas, cada uma mais barulhenta que a outra.
8 da manhã, 1 hora de sono, rabugento, lá foi ele arranjar outro sítio para montar tenda mas já não encontrei.

Sendo assim, toca a arrumar tudo e rumar ao melhor parque de campismo que conheço que por acaso até é bem perto de Faro. O parque de campismo de Olhão, que fiquei a conhecer o ano passado no Moto Convívio. Foram 29€ do desconforto mais confortável que já tive oportunidade de experimentar. Uma autêntica delícia! Não era um hotel, nem a tenda era uma especialidade, mas as condições do local eram um luxo comparado com a degradação que presenciei na noite anterior. Casas de banho completamente a abarrotar de merda, um cheiro nauseabundo, tomar banho vestido. Não, chamem-me o que quiserem mas gosto de ter o mínimo de conforto e isso é ter um duche com o mínimo de privacidade, um sítio minimamente asseado para cagar sem apanhar nenhuma doença e conseguir dormir o mínimo indispensável para conseguir manter os olhos abertos no dia seguinte. Foi aqui o paraíso do descanso:

Almoço tomado no restaurante do parque (muito bom e barato), foi hora de regressar à concentração. Deparei-me entretanto, na voltinha pelo parque das motas, na enorme quantidade de Espanhóis que tinham chegado. Bem mais de metade das motas "tugas" e, enquanto as nossas eram na sua maioria BMW já com alguns aninhos em cima (nunca tinha visto tanta LT ou RRs dos anos 90), os nuestros hermanos tinham motinhas novinhas e a luzir.

A tenda teve sempre animação cultural e à noite, os Hells Bells deram um espectáculo a meu ver brutal, muito melhor que os Iron Maiden. Os Espanhóis passaram-me um pouco ao lado, pareciam os Quinta do Bill mas numa versão mais... gótica. Já ujIris foram muito fraquinhos. Tão fraquinhos que não aguentei até à 4ª música e fomos para o parque dormir porque no dia seguinte havia mais.

Sábado, depois de uma noite muito bem dormida, avistava-se um dia em cheio... literalmente. Muita gente! Tanta gente que pareciam as ruas congestionadas da Índia, nem sei como não houve notícias de acidentes ou atropelamentos (felizmente). Adorei o Bike Show, grandes obras de arte que ali estavam, muitas café racers (já era um enjoo de street fighters e choppers). Ainda bem que na lista de vencedores haviam 2 café racers (1º e 3º), talvez para o ano incluam a categoria já que não sei onde têm andado metidos. Gostei da Filarmónica de Faro, odiei a banda Espanhola, parecia que tinha voltado aos tempos da escola primária e, finalmente, após quase 3 horas do giroflé giroflá eis que actuou a melhor banda, os Xutos. Não me canso de os ouvir e penso que falo por muito boa gente! Pulei, gritei, dancei até ficar tão cansado que faltei ao desfile do dia seguinte! Mas ainda deu para assistir à entrega dos prémios e apanhar um escaldão. Pena que a mota tenha ido para um Espanhol, mas não faz mal, para o ano pode ser que me calhe, porque agora compreendo porque é que toda a gente diz mal das condições mas voltam sempre lá ano após ano. É sem dúvida uma grande festa que nos faz ter orgulho de sermos motards.